Desta vez rumei a terras de Basto a convite do Wilson Tiago Parada para participar num dia de ciclismo com partida e chegada ao Nariz do Mundo em Moscoso, Cabeceiras de Basto. A zona não me é totalmente estranha (http://trotineteazul.blogspot.pt/2015/08/por-terras-de-basto-e-do-barroso.html) mas desta vez não ia só eu e a izalco.
Depois de várias afinações o Wilson enviou-me um percurso de praticamente 140km e um acumulado de 3100m para cumprir, com passagem no Salto, Paradela, Ermal e parte importante do percurso do Geres Grandfondo que em Junho vou também fazer. Para acautelar eventuais diferenças de ritmo e de disposição, o diligente Wilson preparou ainda um plano plano B e até um C para garantir outras opções se a coisa se prolongasse mais do que o expectável.
O percurso e o perfil do Plano A
Aqui o primeiro parêntesis...
A uma semana da prova do Douro Grandfondo não previa ritmos altos ou grandes empenos mas sei por experiência e auto-conhecimento que só se sabe na hora, depende do grupo que vai, das pernas, da vontade etc e eu continuo a assistir à eterna luta interna entre o "apetece-me" e o " não puxes demasiado tão perto de uma prova". Inevitavelmente a paixão supera a razão, já o disse vezes sem conta "se não gostasse tanto de andar de bicicleta andava mais do que ando"... obrigava-me a dosear a quilometragem, a altimetria e o tempo em cima da bike...punha travão ao meu entusiasmo...mas não consigo! Na verdade acho sempre que é isso que faz a diferença...não sou obrigado a nada...faço-o por puro gozo e os resultados desportivos que, valha a verdade, sempre foram modestos mais modestos se tornam.
Adiante...
A uma semana da prova do Douro Grandfondo não previa ritmos altos ou grandes empenos mas sei por experiência e auto-conhecimento que só se sabe na hora, depende do grupo que vai, das pernas, da vontade etc e eu continuo a assistir à eterna luta interna entre o "apetece-me" e o " não puxes demasiado tão perto de uma prova". Inevitavelmente a paixão supera a razão, já o disse vezes sem conta "se não gostasse tanto de andar de bicicleta andava mais do que ando"... obrigava-me a dosear a quilometragem, a altimetria e o tempo em cima da bike...punha travão ao meu entusiasmo...mas não consigo! Na verdade acho sempre que é isso que faz a diferença...não sou obrigado a nada...faço-o por puro gozo e os resultados desportivos que, valha a verdade, sempre foram modestos mais modestos se tornam.
Adiante...
Dignas de nota, o percurso tinha umas quantas subidas complicadas...
Ponte de
Cabril - Pincães 1,8km com 12% de inclinação média, os 900 metros da Cascata Tahiti a 14% de média (!!!), a subida das Cerdeirinhas com 6 km e 5,6% de
inclinação média e a maior e última subida do dia, Cabeceiras - Salto com 12km
e 5,3% de inclinação média.
Estas foram, pelo menos pelo gráfico, as maiores dificuldades identificadas...mas este revelou-se enganador e traiçoeiro. Mas lá chegaremos...
O dia!!
O ritual do costume na preparação de toda a parafernália mas desta vez com excepção do gps que
desde a Águeda Spring Classic padece de uma enfermidade muito triste para um gps...funciona tudo perfeitamente mas...não carrega. E aqui o segundo parêntesis...Haverá fim mais triste para um aparelho tão viajado do que ver a energia que lhe resta a esvair-se até se desligar para sempre? Pior só mesmo ser logo substituído...e assim aconteceu, já que o Paulo Lobo emprestou-me o 810 dele e aproveitou assim para usar e abusar do seu "hammerhead" (http://hammerhead.io/) uma "geekice" digna da Nasa e cujo review ele prometeu publicar um dia destes.
Sábado 23, 6h30 da madrugada, bike no carro e... ponto de encontro nas bicicletas coelho, um cafezito à pressa no tasco do lado e saída... A7, 1h30 de viagem e ex que estamos no ponto de partida do evento Nariz do Mundo.
Estávamos 9 ciclistas à partida com o luxuoso detalhe de ter carro de apoio com o fotografo (Vitor) e mecânico...sim mecânico (Jorge) !!!!
Pés "clipados", capacete na mona, foto da praxe e siga...
.
Como se vê, uma vez mais a meteorologia não estava do nosso lado, mas o entusiasmo sim...esse estava em alta.
Depois da descida (muito bonita) até à EN311 viramos à direita para o Salto e seguimos em ritmo de aquecimento em direcção à barragem da venda nova onde haveria de ser tomada a primeira decisão do dia...plano A (140km) ou plano C (115km)...(o plano B foi logo desconsiderado.)
Antes da decisão...
Assim, na barragem da Venda Nova virei à direita em direcção a Montalegre e fui fazer o meu treino a solo durante uns largos km's, em direcção à barragem da Paradela e cumprindo parte importante do percurso do Gerês GF. Os restantes 8 companheiros seguiram em frente para um percurso mais curto de 115km.
Após a viragem, liguei o modo reconhecimento e la fui cumprindo o percurso a bom ritmo tirando notas mentais sobre subidas, curvas e perigos que me pudessem ser úteis na prova de Junho.
A estrada não oferece grandes dificuldades para além das normais subidas e descidas constantes e algumas curvas apertadas a exigir mais atenção. Mas a paisagem essa sim...deslumbrante!
O treino até aqui e apesar de o meu ritmo estar alto, parecia não estar a custar...ainda fiquei na duvida se seria eu que estava com boas pernas ou o percurso não oferecia grandes obstáculos. Ia portanto a desfrutar do "track" tendo apenas como preocupação os pingos de chuva que aqui e ali apanhava...mas sempre na eminencia de uma molha a sério la fui até Cabril...
Aqui em Cabril deparei-me com o primeiro "rebuçado" mais sério do treino e o perfil (foto abaixo) é completamente enganador...aquilo sobe muito, mesmo muito e com vários pontos com pendentes a rondar os 20% e não, não é nas curvas e cotovelos é mesmo em rampas a direito. Como o ritmo vinha alto mas apesar de tudo confortável, iniciei a subida a "full gaz" desconhecendo o que estava à minha frente, mas ela foi-me obrigando a tirar consecutivamente velocidades até não mais haver a não ser cerrar os dentes, ignorar as dores nas pernas e o pulso no "redline". Não estava à espera dela, não a tinha visto a chegar mas a subida em nenhum momento me facilitou a vida e fez questão de me ver a sofrer e já agora deve ainda ter feito as orelhas do Wilson ficarem bem quentes.
No final da subida a energia já não era a mesma...desconfiado olhei para o perfil no ecrã do gps do Paulo e vejo nova parede pouco depois....Cascata Tahiti!!! Mais um pincel !!!!!
Vencidos estes dois inesperados obstáculos desço para terrenos já bem conhecidos. Pouco depois estou nas pontes da barragem da Caniçada e preparo para subir a subida das Cerdeirinhas. Esta será a primeira subida da edição deste ano do Geres Granfondo e será com toda a certeza o ponto onde o pelotão se vai partir e os mais rápidos se vão embora dos restantes para nunca mais lhe verem as rodas.
A subida ainda que não tenha grandes pendentes é de alguma forma longa e os seus 6 km apanham os mais inexperientes rapidamente porque diferenças de ritmo e picos de pulso podem tornar-se fatais. É uma subida a cumprir-se em cadencia certa e determinada, com paciência e persistência e ela acabará por passar.
Já no topo viro à direita e logo à esquerda em direcção a Vieira do Minho e rapidamente para o Ermal...
A meteorologia começa a deteriorar-se...
Continuava em bom ritmo e na zona do Ermal avisto um ciclista com o equipamento Porto Cycyling Team...o Anselmo...que havia desmontado com caimbras. Depois de me assegurar que não precisava de nada e que o carro de apoio estava logo ali à frente prossegui no meu ritmo e acabei por apanhar os restantes companheiros de aventura. Como íamos em ritmos diferentes segui viagem, acompanhado primeiro pelo Sandro Rato e depois pelo Fernando Silva. Nesta parte do percurso o pior aconteceu e vimo-nos debaixo de uma chuvada monumental que nos ensopou até aos ossos e que nos acompanhou praticamente até Celorico onde se iniciava a derradeira subida do dia.
Cheguei à base da subida com 120km nas pernas e uns 2700 de acumulado feitos a bom ritmo e portanto o cansaço já se acumulava nas pernas e a vontade de vencer a subida já não era grande.
Iniciei a subida juntamente com o Fernando Silva a quem perdi o rasto depois de ouvir "mas eu fiz mal a alguém?"....fiquei de novo só e no ritmo possível la fui subindo.
Passou o carro de apoio, onde já seguiam vários companheiros a quem o cansaço e o frio não deixou continuar, e depois de encher o bidão lá segui a minha viagem até decidir esperar pelos restantes que ainda pedalavam. Passou o Edu, o Sandro Rato e finalmente o Wilson...juntei-me assim a eles e lá cumprimos juntos os derradeiros km's que faltavam.
Foi um treino exigente cujo grau de dificuldade foi aumentando à medida que os km's iam passando e se no inicio me sentia com força e energia inesgotável, o Geres e as terras de Basto encarregaram-se de me descarregar.
Agradecer ao Wilson pelo convite e organização, ao Paulo Lobo pelo gps e cumplicidade e a todos os restantes pelo companheirismo e compreensão que me permitiram fazer um percurso diferente dos demais sem que isso fosse problema para qualquer um deles.
Para memória futura ficam 136km percorridos em 5h27 e um acumulado bem real de 3100m e um grande dia a fazer o que mais gosto e na companhia de amigos.
Nota final para as rápidas melhoras do Edu que sofreu um acidente no treino de Segunda-feira enquanto já escrevia esta crónica. Força na recuperação companheiro em breve estaremos de novo a pedalar juntos.
No strava ficou isto....http://www.strava.com/activities/554921607
Próximo fim-de-semana Douro Granfondo.
Abraço
Rui Miguel Abrantes
.
Como se vê, uma vez mais a meteorologia não estava do nosso lado, mas o entusiasmo sim...esse estava em alta.
Depois da descida (muito bonita) até à EN311 viramos à direita para o Salto e seguimos em ritmo de aquecimento em direcção à barragem da venda nova onde haveria de ser tomada a primeira decisão do dia...plano A (140km) ou plano C (115km)...(o plano B foi logo desconsiderado.)
Antes da decisão...
Foto credit: Sandro Rato |
Após a viragem, liguei o modo reconhecimento e la fui cumprindo o percurso a bom ritmo tirando notas mentais sobre subidas, curvas e perigos que me pudessem ser úteis na prova de Junho.
A estrada não oferece grandes dificuldades para além das normais subidas e descidas constantes e algumas curvas apertadas a exigir mais atenção. Mas a paisagem essa sim...deslumbrante!
O treino até aqui e apesar de o meu ritmo estar alto, parecia não estar a custar...ainda fiquei na duvida se seria eu que estava com boas pernas ou o percurso não oferecia grandes obstáculos. Ia portanto a desfrutar do "track" tendo apenas como preocupação os pingos de chuva que aqui e ali apanhava...mas sempre na eminencia de uma molha a sério la fui até Cabril...
Aqui em Cabril deparei-me com o primeiro "rebuçado" mais sério do treino e o perfil (foto abaixo) é completamente enganador...aquilo sobe muito, mesmo muito e com vários pontos com pendentes a rondar os 20% e não, não é nas curvas e cotovelos é mesmo em rampas a direito. Como o ritmo vinha alto mas apesar de tudo confortável, iniciei a subida a "full gaz" desconhecendo o que estava à minha frente, mas ela foi-me obrigando a tirar consecutivamente velocidades até não mais haver a não ser cerrar os dentes, ignorar as dores nas pernas e o pulso no "redline". Não estava à espera dela, não a tinha visto a chegar mas a subida em nenhum momento me facilitou a vida e fez questão de me ver a sofrer e já agora deve ainda ter feito as orelhas do Wilson ficarem bem quentes.
No final da subida a energia já não era a mesma...desconfiado olhei para o perfil no ecrã do gps do Paulo e vejo nova parede pouco depois....Cascata Tahiti!!! Mais um pincel !!!!!
Vencidos estes dois inesperados obstáculos desço para terrenos já bem conhecidos. Pouco depois estou nas pontes da barragem da Caniçada e preparo para subir a subida das Cerdeirinhas. Esta será a primeira subida da edição deste ano do Geres Granfondo e será com toda a certeza o ponto onde o pelotão se vai partir e os mais rápidos se vão embora dos restantes para nunca mais lhe verem as rodas.
A subida ainda que não tenha grandes pendentes é de alguma forma longa e os seus 6 km apanham os mais inexperientes rapidamente porque diferenças de ritmo e picos de pulso podem tornar-se fatais. É uma subida a cumprir-se em cadencia certa e determinada, com paciência e persistência e ela acabará por passar.
Já no topo viro à direita e logo à esquerda em direcção a Vieira do Minho e rapidamente para o Ermal...
A meteorologia começa a deteriorar-se...
Continuava em bom ritmo e na zona do Ermal avisto um ciclista com o equipamento Porto Cycyling Team...o Anselmo...que havia desmontado com caimbras. Depois de me assegurar que não precisava de nada e que o carro de apoio estava logo ali à frente prossegui no meu ritmo e acabei por apanhar os restantes companheiros de aventura. Como íamos em ritmos diferentes segui viagem, acompanhado primeiro pelo Sandro Rato e depois pelo Fernando Silva. Nesta parte do percurso o pior aconteceu e vimo-nos debaixo de uma chuvada monumental que nos ensopou até aos ossos e que nos acompanhou praticamente até Celorico onde se iniciava a derradeira subida do dia.
Cheguei à base da subida com 120km nas pernas e uns 2700 de acumulado feitos a bom ritmo e portanto o cansaço já se acumulava nas pernas e a vontade de vencer a subida já não era grande.
Iniciei a subida juntamente com o Fernando Silva a quem perdi o rasto depois de ouvir "mas eu fiz mal a alguém?"....fiquei de novo só e no ritmo possível la fui subindo.
Passou o carro de apoio, onde já seguiam vários companheiros a quem o cansaço e o frio não deixou continuar, e depois de encher o bidão lá segui a minha viagem até decidir esperar pelos restantes que ainda pedalavam. Passou o Edu, o Sandro Rato e finalmente o Wilson...juntei-me assim a eles e lá cumprimos juntos os derradeiros km's que faltavam.
Foi um treino exigente cujo grau de dificuldade foi aumentando à medida que os km's iam passando e se no inicio me sentia com força e energia inesgotável, o Geres e as terras de Basto encarregaram-se de me descarregar.
Agradecer ao Wilson pelo convite e organização, ao Paulo Lobo pelo gps e cumplicidade e a todos os restantes pelo companheirismo e compreensão que me permitiram fazer um percurso diferente dos demais sem que isso fosse problema para qualquer um deles.
Para memória futura ficam 136km percorridos em 5h27 e um acumulado bem real de 3100m e um grande dia a fazer o que mais gosto e na companhia de amigos.
Nota final para as rápidas melhoras do Edu que sofreu um acidente no treino de Segunda-feira enquanto já escrevia esta crónica. Força na recuperação companheiro em breve estaremos de novo a pedalar juntos.
No strava ficou isto....http://www.strava.com/activities/554921607
Próximo fim-de-semana Douro Granfondo.
Abraço
Rui Miguel Abrantes
Agora já podes derreter o alcatrão no Douro ;)
ResponderEliminarMais um excelente relato ;). 1grd abraço.
ResponderEliminarGrande texto. Abraços.
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